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Startups de A-Z: os novos modelos de negócio Sandro Lenzoni

  • Foto do escritor: Spark Labs
    Spark Labs
  • 2 de jul. de 2020
  • 6 min de leitura

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Startup é o termo usado para denominar empresas privadas, jovens, replicáveis, escaláveis e que trazem inovação para o setor em que atuam. Apesar de estar fortemente ligada ao mundo da tecnologia, essa inovação não é necessariamente tecnológica. 

Operando em um cenário totalmente incerto, a startup ao crescer dá espaço para uma empresa lucrativa. Caso ela não consiga fazê-lo, terá de reinventar, sendo essa uma das principais características deste modelo de negócio: rápido lançamento no mercado e rápida reinvenção, se necessário. Devido a este cenário incerto, somente com velocidade e agilidade a startup consegue fugir da constante ameaça da morte prematura. 

Apesar da terminologia ser usada desde a década de 70, tendo a primeira aparição como “empresa iniciante de base tecnológica” na edição da Forbes de 1976, sua popularização foi ocorrer somente na década de 90/início dos anos 2000 com as empresas, comumente denominadas, ponto-com. Nesta época, foi formada uma bolha especulativa, caracterizada pela alta das ações das novas empresas de tecnologia e informações alocadas no espaço da Internet que se auto denominaram startup

O… negócio fora de moda de investir em startups no campo de processamento eletrônico de dados — 1976, Forbes 15 Aug. 6/2

A partir dessa popularização e da escalada na criação de empresas inovadoras em âmbito mundial, como em 2011, quando surgiu o polo de Startups em Belo Horizonte chamado de San Pedro Valley, houve a necessidade de apontar para os investidores quais eram as melhores startups para se investir, aquelas que trariam bons retornos financeiros.

Foi a partir dessa necessidade que, em 2013 a investidora de capital de risco norte-americana, Ailen Lee, cunhou o termo unicórnio, sendo a primeira a fazer uso em seu artigo “Welcome to the unicorn club: learning from billion-dollar startups”.

A terminologia brinca com a ideia de que esse tipo de empresa seria extremamente raro. Nas palavras de Lee, “são poucas as startups que geram bons frutos” e, ainda de acordo com ela, “apenas 0,07% se tornam unicórnios”. 

sabemos que não é perfeito – unicórnios aparentemente não existem (…). Mas gostamos desse termo porque ele alude a algo raro e mágico. — 2013, Aileen Lee.

Dotadas de características peculiares, a startup unicórnio é uma empresa privada com valor estimado de mercado (valuation) superior a U$ 1 bilhão. Em curto prazo de tempo, se tornou a estratégia mais popular no meio dos ecossistemas de inovação: virar unicórnio é o objetivo traçado, com crescimento rápido e agressivo a ser perseguido. 

Como ferramentas para alcançar esse objetivo, são usadas abundante capital de risco, time talentoso e um amplo e vasto suporte do ecossistema. Este capital vem por meio de rodadas de investimentos nos quais, geralmente, os fundos de investimento e a startup entram em um acordo sobre qual será a avaliação divulgada ao mercado e por meio da oferta pública inicial (IPO), quando a empresa oferta as ações pela primeira vez na bolsa de valores. 

Em meio a este cenário da escolha pelo crescimento rápido surge um novo modelo, em 2017, que se propõe ser o oposto dos unicórnios: as zebras. Devido a uma insatisfação do baixo aporte dos investidores nas minorias, principalmente entre as mulheres, as zebras nascem a partir da publicação de um manifesto elaborado pelas empreendedoras norte-americanas Jennifer Brandel, Mara Zepeda, Astrid Scholz e Aniyia Williams. 

As fundadoras, para dar um suporte maior às startups zebras, criaram o movimento Zebras Unite, um dos maiores responsáveis por levar o modelo de negócios a diversas cidades dentro e fora dos EUA.

A Zebras Unite é um movimento criado e liderado por fundadores, que apela a um movimento mais ético e inclusivo para combater a cultura existente de start-ups e de capital de risco. Acreditamos que criar uma alternativa a esse status quo é um imperativo moral. —  Retirado da página oficial das Zebras Unite

Um dos objetivos do movimento é criar um ambiente de colaboração onde as startups possam se apoiar. 

Temos aprofundado a complexidade jurídica, desenvolvendo uma estrutura alinhada com o futuro que todos imaginamos: uma que seja cooperativa, descentralizada e que ofereça espaço para a ambiguidade necessária. —  Retirado do artigo “New Stripes for Zebras Unite”

Como percebido, há a substituição da competição pela colaboração. Sendo um dos maiores diferenciais das zebras, fazem paralelo ao que ocorre no reino animal: Andam coletivamente e assim se protegem. Além disso, segundo as fundadoras, é “preto e branco” ou seja: É nítido, transparente e sem mistérios. 

De acordo com as fundadoras, enquanto os unicórnios são voltados para si, focam em um crescimento exponencial acelerado, tendo que agradar seus fundadores, acionistas e investidores, em detrimento da sustentabilidade econômica, social e ambiental, as zebras vão além do “crescer rápido”.  

Por esse e outros motivos é difícil encontrar startups zebras em busca de capital de risco, porém, caso seja necessário, poderão encontrar dentro do movimento um auxílio para capital, o Zebra Fund, gerenciado pelo primeiro empreendimento comercial da cooperativa, o Zebras Unite Capital, que é uma joint venture com a SecondMuse Capital. 

Será uma empresa de investimento integrada e inclusiva, ajudando a resolver o problema de capital inicial, criando uma infraestrutura distribuída para aumentar e implantar capital para startups, com foco inicial em fundadores sub-representados. O fundo oferecerá dívida e patrimônio acessíveis. À medida que investimos em membros cooperativos da Zebra, os lucros são retornados à cooperativa e seus membros. —  Retirado do artigo “New Stripes for Zebras Unite”

A responsabilidade com o dinheiro é uma das principais pautas das zebras, que buscam também a sustentabilidade no médio e longo prazo, gestão organizada da inovação nos seus processos e fazem referência a duas metas: gerar lucro e melhorar a sociedade. 

A abordagem de se tornar unicórnio funcionou no Vale do Silício, mas não tanto em outras regiões devido ao acesso limitado a capital abundante, o que fez com que começassem a analisar outros modelos de gestão. Lazarow, investidor global de risco e autor do livro Out-Innovate: How Global Entrepreneurs from Delhi to Detroit are rewriting the rules of Silicon Valley, denominou essa estratégia de camelo.

são organizações que podem aproveitar as oportunidades, mas também podem sobreviver em uma seca.” — Alexandre Lazarow, Forbes 25 Fev. de 2020

De acordo com Lazarow, as rodadas no Vale do Silício são rápidas e o crescimento é primordial para o sucesso do negócio fazendo com que, muitas vezes, esse crescimento supere a necessidade de rentabilidade. 

 Lazarow afirma que, essas velozes rodadas fazem com que no Vale haja perdedores e vitoriosos com velocidade, mas na fronteira, as coisas não poderiam ser mais diferentes: O investimento é mais ponderado e as redes de seguranças, tais como existe no Vale para a criação de unicórnios, geralmente não existem.

Os inovadores de fronteira gerenciam custos, cobram pelo valor que geram desde o início, ingerem capital de acordo com seus termos, entendem as alavancas de ação, diversificam o plano de negócios e adotam uma visão de longo prazo.” — Alexandre Lazarow, IrishTime - 12 de Março de 2020

Devido a essa e outras dificuldades, ele aponta que as startups da fronteira são obrigadas a pensar globalmente desde o início e criar produtos e serviços que consigam competir em outros mercados devido ao mercado local com capital financeiro e humano limitado. 

Em um ambiente limitado e complexo, as startups camelos buscam maneiras para prosperar no mercado se tornando flexíveis às intempéries, e no reino animal não é diferente: Se adaptam a vários climas, sobrevivem sem comida ou água por meses, e quando chega a hora certa, podem correr rapidamente por períodos prolongados.

Os camelos são reais, resilientes e podem sobreviver nos lugares mais difíceis da Terra. — Alexandre Lazarow, IrishTime - 12 de Março de 2020

Ainda de acordo com Lazarow, os camelos priorizam a sustentabilidade e, portanto, a sobrevivência, desde o início, equilibrado forte crescimento e fluxo de caixa. 

Na era atual é quase impossível, independentemente do modelo de negócio escolhido pela startup, não sentir a influências dessas corporações no dia a dia, afinal, vários setores da sociedade foram transformados por elas. 

Da sociedade civil até uma grande empresa, todos sentem as transformações advinda de suas inovações e um claro exemplo da atualidade é a Netflix, um modelo de streaming de vídeos que surgiu em uma época comandada pela gigante Blockbuster Inc.  

Com o uso das atuais tecnologias a Netflix não somente conseguiu alcançar patamares jamais imaginados pelos gestores da Blockbuster Inc como também alterou totalmente a forma como consumimos filme. 

De maneira geral, são empresas criadas com um propósito e visão de alterar a sociedade e, devido ao seu crescimento, tendem impactar as cidades onde nasceram e residem gerando riqueza e, consequentemente, empregos. 

Pessoas de qualquer idade e com as mais diversas experiências profissionais encontram novas e únicas oportunidades no mundo da inovação, tanto dentro dessas empresas como também se tornando diretores e sócios das suas próprias iniciativas.  

Além de toda a influência socioeconômica, as inovações geradas, tanto pelas startups como também pelas empresas, servem como base para a ruptura em nossa sociedade advinda da quarta revolução industrial e também como estrutura para que possamos criar um planeta mais conectado onde a vida se torna mais fácil devido aos benefícios da tecnologia.

Texto escrito em parceria com Cleber M. B. Amaral


REFERÊNCIAS:



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